Em discurso contundente na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Neto Evangelista manifestou forte indignação diante de um caso recente de violência doméstica ocorrido em Imperatriz, onde um agressor, preso em flagrante após desferir tapas na companheira, foi solto poucas horas depois.
O parlamentar afirmou que a decisão passou um “recado perigoso” à sociedade.
“A mensagem que ficou é que, pra esses cretinos, eu posso dar umas bolachas na minha mulher e vou só dormir na delegacia”, declarou, em tom de revolta.


Compromisso com a pauta desde 2016
Durante o discurso, Evangelista relembrou a origem de sua atuação na defesa das mulheres vítimas de violência. Segundo ele, sua motivação começou em 2016, quando uma funcionária de seu gabinete foi brutalmente atacada pelo ex-marido.
“Ela levou dezoito facadas. De lá pra cá eu venho militando nessa causa. Junto com as deputadas desta Casa, seguimos lutando para proteger mulheres”, destacou.
O deputado mencionou ainda o caso de Imperatriz:
“O cara botava a mão dentro da boca da mulher, montado em cima dela, desferindo tapas. O filho filmou e mandou pra polícia. A polícia prendeu em flagrante. O cara foi preso à noite; de manhã estava solto. Como criar uma filha num país assim?”, questionou.
Projeto de lei para ampliar medidas protetivas
Como resposta à fragilidade do sistema atual, Neto Evangelista anunciou que apresentará um projeto de lei que autoriza mulheres vítimas de violência a receberem do Governo do Estado armas de choque, utilizadas após treinamento específico, como parte das medidas protetivas de urgência.
“Quero ver o caboclo descontar em cima de uma mulher de novo. Ele vai ficar com os olhos queimando, vai cair paralisado no chão. Esses machões que batem em mulher são tchutchuca quando enfrentam um homem”, afirmou.
O deputado ressaltou que a proposta tem caráter preventivo e busca fortalecer a autonomia e segurança das vítimas, especialmente em casos onde o agressor descumpre medidas judiciais.
Cobrança ao Judiciário
Neto Evangelista também fez um apelo ao Tribunal de Justiça do Maranhão, pedindo que decisões judiciais acompanhem o esforço de instituições e parlamentares no combate à violência doméstica.
“Eu faço um apelo ao nosso Tribunal de Justiça: que a gente deixe apenas de fazer palestras e cumpra nosso dever social. Porque o recado foi muito ruim. A gente trabalha tanto, e uma decisão dessa desestimula quem luta para mudar o Brasil”, disse.
Reação na Assembleia
O discurso repercutiu entre parlamentares, especialmente entre deputadas que atuam na defesa das mulheres, que manifestaram apoio à pauta e à necessidade de endurecer a resposta do Estado aos agressores.
Com o novo projeto, Neto Evangelista pretende reforçar a rede de proteção e abrir um debate mais profundo sobre o papel do Judiciário, da segurança pública e do Legislativo no enfrentamento à violência contra a mulher no Maranhão.