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Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, pede demissão
23/06/2021 17:56 em Nacionais

Joaquim Pereira Leite, secretário da Amazônia e Serviços Ambientais, assume a pasta; Salles é investigado pelo STF após operação da Polícia Federal

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles pediu demissão ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quarta-feira, 23. O pedido de exoneração já foi publicado no Diário Oficial da União (DOU). Salles é alvo de investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) a Procuradoria-Geral da República apontar o ministro como suspeito de atrapalhar a investigação de um esquema de contrabando de madeiras pela Polícia Federal. O atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais, Joaquim Álvaro Pereira Leite, foi nomeado para o comando da pasta. Salles estava à frente da pasta desde o início do governo de Jair Bolsonaro e era considerado um dos ministros mais próximos do presidente.

Em coletiva de imprensa para explicar a exoneração, Salles citou avanços feitos ao longo da sua gestão na pasta como a aprovação do marco legal do saneamento, a criação do programa Lixão Zero, a concessão dos parques nacionais, os projetos Floresta+ e Adote um Parque, entre outros. “Medidas alinhadas com o projeto escolhido pelo Brasil em 2018, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro de forma democrática. Foi uma mudança em relação a orientação que a esquerda tinha nos últimos anos. A alternância de poder, as visões diferentes, são muito importantes”, afirmou Salles. De acordo com o agora ex-ministro, o pedido de demissão foi feito porque o Brasil necessita, ao longo deste ano e do próximo, de uma “união muito forte de interesses, anseios e esforços” pela inserção internacional e nacional. “Para que isso se faça da maneira mais serena possível, apresentei ao presidente meu pedido de exoneração, que foi atendido, e serei substituído pelo general Joaquim Álvaro Pereira Leite, que também tem muita experiência e conhece todos esses assuntos”, disse.

Salles falou, ainda, sobre as contestações que sofreu durante a sua gestão. “Eu acho que o Brasil avançou muito, e precisa continuar avançando. Não é possível que a gente criminalize, tente dar um caráter de infração, a opiniões e visões diferentes. A sociedade precisa desse avanço. Experimentamos muitas contestações sobre as medidas que foram tomadas ou que foram planejadas, em uma tentativa de dar a essas medidas um caráter de desrespeito à legislação e à Constituição, o que não é verdade. Diversas delas são importantes, necessárias. A sociedade brasileira espera esse respeito ao setor produtivo, ao setor privado, que por muitos anos foram sendo vilipendiados”, pontuou.

O ex-ministro virou alvo de inquérito no STF no início deste mês após a ministra Cármen Lúcia autorizar investigação ao atender pedido da pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) feito no dia 31 de maio. A solicitação tinha como base a notícia crime apresentada em abril por suposta tentativa de atrapalhar investigações sobre a Operação Handroanthus, na qual foi feita a maior apreensão de madeira do Brasil. O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, na época superintendente da PF no Amazonas, foi responsável por protocolar a notícia-crime. Uma semana depois, o governo colocou outro delegado para o posto.

À época, o ex-ministro negou negou a tentativa de atrapalhar investigações “Não houve nenhuma atuação nem minha e nem de ninguém do governo para defender empresários. Uma falsa narrativa levada na notícia-crime tenta colocar essa história, mas não foi verdadeira”, afirmou à Jovem Pan. “Qual foi a nossa atuação: dizer que o governo estava sendo cobrado por deputados e senadores da região Norte em razão de uma demora em uma resposta e essas pessoas tinham reclamado disso. Nossa única colocação foi a respeita da celeridade, necessidade da resposta ser dada de maneira rápida — seja reconhecendo que há ilegalidade ou reconhecendo que eventualmente não há”, disse.

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