Zico estrela campanha (Foto: Udo Kurt/Lado a
Lado/Sociedade Brasileira de Urologia)
Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES) alertam que, além do câncer de próstata, há outro tipo da doença que atinge a população masculina de forma dramática: o câncer de pênis. É um tumor raro e que exige, muitas vezes, a amputação do órgão. O aumento dos casos de câncer de pênis no Nordeste faz com que seja considerado um problema de saúde pública.
Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), no Maranhão este tipo de tumor é o 2º mais frequente, atrás apenas do câncer de pele. Neste ano houve registro de quatro casos de janeiro a abril - 50% do número de 2015, quando a Secretaria de Estado da Saúde (SES) registrou oito casos de câncer de pênis.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, várias ações estão sendo desenvolvidas contra o câncer de pênis na rede estadual. "Estamos trabalhando a conscientização da população, porque este é o caminho: a prevenção. Já está programada uma nova campanha de sensibilização, em parceria com a Seduc, envolvendo as escolas, alertando sobre os cuidados e medidas de higienização, por exemplo, que devem ser tomadas cotidianamente. Orientamos que os homens, ao identificarem qualquer lesão ou ferimento, procurem preventivamente nossos ambulatórios para receberem informações e acompanhamento médico urológico", disse.
Falta de higiene
A doença é causada principalmente pela falta de higiene e tem forte prevalência em homens com fimose (quando o estreitamento na abertura do prepúcio, a pele que reveste a glande, impede que ela seja exposta). Estudos científicos sugerem que a doença também está associada à infecção pelo vírus HPV.
Câncer de pênis é motivo de alerta (/PhotoAlto/AFP)
O tumor no pênis acomete principalmente homens que vivem em regiões rurais, com pouca cultura e que só procuram ajuda quando o pênis já está muito ferido, às vezes com o tumor exposto, saindo sangue e pus.
Medidas simples como a circuncisão evitaria o câncer de pênis. O urologista da Hapvida Saúde, Gil Ricardo Santos Fonseca sugere que a técnica seja adotada nas maternidades do país. “Quando existe esse problema, deve-se tentar resolvê-lo, geralmente com cirurgia ainda na infância, reduzindo as chances de problemas no futuro”, afirma.
Outra forma de melhorar o diagnóstico e o tratamento seria aumentar a atenção sobre a doença cujo número de casos não é relatado com rigor, o que trava investimentos em pesquisas e remédios.
Causas, sintomas e tratamento
O câncer de pênis inicialmente não apresenta sintomas, mas tem como causa principal o acúmulo de secreções na glande. Essa 'sujeira' pode evoluir para uma infecção que se transforma em ferida. Se não curada, vira um tumor que aos poucos vai lesionando a região.
Mas sua prevenção é simples: basta lavar a cabeça do pênis com água e sabão, puxando a pele na hora do banho, depois da masturbação e depois de ter relações sexuais, além de usar camisinha para evitar a infecção pelo HPV.
Outro problema é que a quimioterapia e a radioterapia pouco funcionam nestes casos, por isso a amputação parcial ou total é frequente. “Quando se dá o diagnóstico do tumor, o que é confirmado por biópsia da lesão suspeita, geralmente o tratamento é extirpa-la, retirá-la. O que geralmente é feito por mutilação, amputação do pênis, parcial ou total, ou até por emasculação que é amputar toda a genitália inclusive testículos e bolsa escrotal”, explica o especialista.
Por isso, em caso de vermelhidão ou feridas no pênis, o ideal é procurar um urologista. Se o tumor for pequeno, o câncer pode ser eliminado com cirurgia. “Quanto à percepção da doença deve-se ter atenção a todas as lesões, ferimentos, manchas no pênis que não melhoram após tratamentos mais comuns como cremes, pomadas. Lembrando que muitas lesões no pênis podem ser micoses, infecções de pele, ou até DSTs e que se submetidas aos tratamentos específicos saram. Sendo assim, o ideal é procurar um médico para avaliação. De tudo isso, ponderamos que uma maneira simples de tentar evitar tão triste história é algo fácil, prático e barato: lavar o pênis”, orienta o médico Ricardo Fonseca.
Fonte: G1/MA