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Moradores levam ao menos 54 corpos para praça na Penha após megaoperação; número de mortos pode ser ainda maior que o oficial
Por Henrique Sampaio
Publicado em 29/10/2025 08:27 • Atualizado 29/10/2025 08:31
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A madrugada desta quarta-feira (29) foi marcada por cenas de desespero e revolta no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Moradores levaram pelo menos 54 corpos para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, um dia após a operação mais letal da história do estado.

O governo do Rio de Janeiro havia informado na terça-feira (28) que 60 suspeitos morreram durante a megaoperação conjunta nas comunidades da Penha e do Alemão, além de quatro policiais. No entanto, o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou nesta quarta que os corpos levados à praça não constam nessa contagem oficial.

Perícia e possível aumento no número de mortes
As autoridades anunciaram que será realizada uma perícia para identificar a origem dos corpos e verificar se há ligação com a operação. Caso sejam confirmadas novas vítimas, o número total de mortos pode ultrapassar 100, tornando o episódio um dos mais violentos da história recente do país.

De acordo com informações do g1, os corpos estavam na região de mata conhecida como Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram intensos confrontos entre forças de segurança e traficantes. Moradores afirmaram que ainda há corpos no alto do morro.

O ativista Raull Santiago, que participou da remoção dos corpos, descreveu o cenário como devastador:

“Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, eu nunca vi nada parecido com o que estou vendo hoje. É algo novo. Brutal e violento num nível desconhecido.”

Famílias tentam reconhecer vítimas
Segundo a Polícia Civil, o reconhecimento oficial dos corpos será realizado no prédio do Detran, ao lado do Instituto Médico-Legal (IML), a partir das 8h. Durante esse período, o acesso ao IML será restrito à Polícia Civil e ao Ministério Público, responsáveis pelos exames e necropsias. Os demais casos sem relação com a operação serão encaminhados ao IML de Niterói.

Mais cedo, moradores chegaram a transportar seis corpos em uma Kombi até o Hospital Estadual Getúlio Vargas. O veículo chegou em alta velocidade e deixou o local logo em seguida, evidenciando o clima de tensão e medo que tomou conta da comunidade.

Com a tragédia, o Complexo da Penha amanheceu em silêncio, mas marcado por uma das noites mais violentas e tristes da história do Rio de Janeiro.

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