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Juscelino Filho decide pedir demissão após denúncia da PGR e pressão do Planalto
Por Henrique Sampaio
Publicado em 08/04/2025 20:01 • Atualizado 08/04/2025 20:03
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O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), decidiu entregar o cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva após ser formalmente denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas parlamentares. A saída, embora voluntária, foi resultado direto da pressão do Palácio do Planalto, que buscava evitar um desgaste maior à imagem do governo.

A negociação para a demissão começou a tomar forma durante um almoço estratégico realizado nesta terça-feira (8), em Brasília. O encontro aconteceu na casa do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e reuniu nomes de peso da legenda, como os líderes da sigla na Câmara e no Senado, o ministro do Turismo Celso Sabino, além da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e o próprio Juscelino.

Segundo fontes próximas à reunião, Gleisi transmitiu de forma diplomática a posição do governo: que o ministro deixasse o posto por iniciativa própria, evitando que Lula tivesse que tomar a frente da exoneração. A conversa foi considerada decisiva para o desfecho.

Após o almoço, sem a presença de Gleisi, lideranças do União Brasil fecharam a decisão: Juscelino pediria demissão. A justificativa foi clara — preservar o ministro e evitar que ele, mantendo-se no cargo, ficasse ainda mais vulnerável às investigações.

A carta de demissão deve ser entregue ao presidente Lula ainda nesta terça. O sucessor de Juscelino no Ministério das Comunicações deverá ser escolhido dentro do próprio União Brasil. O nome mais cotado no momento é o do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (MA), atual líder da legenda na Câmara e aliado próximo do Planalto. Pedro Lucas, inclusive, acompanhou Lula em viagem recente ao Japão e Vietnã.

Lula já havia dado o recado

A decisão de Lula de não manter ministros denunciados não é novidade. Em junho de 2024, quando Juscelino foi indiciado pela Polícia Federal, o presidente já havia sinalizado publicamente que uma denúncia da PGR resultaria no afastamento.

“Se o procurador indiciar você, você sabe que tem que mudar de posição”, declarou Lula, em entrevista ao portal UOL. “Se for aceito, vai ser afastado.”

Com o gesto de Juscelino, o presidente evita cumprir a promessa com um ato direto e mantém o compromisso de não compactuar com ministros formalmente acusados, sem se indispor com um partido aliado.

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