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"Família do Crime" é presa por estelionato no Piauí; quadrilha tentou vender equipamentos falsificados para delegado
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Publicado em 29/01/2025

Dez pessoas — seis homens e quatro mulheres — foram presas na noite desta terça-feira (29), suspeitas de envolvimento em um esquema de estelionato no Piauí. O grupo, apelidado de "família do crime" devido à ligação familiar entre seus integrantes, é oriundo da região Sul do Brasil e vinha aplicando golpes em Teresina e na região metropolitana, além de outros estados.

A quadrilha foi identificada após uma denúncia recebida no município de Altos, onde um comerciante desconfiou da venda de equipamentos agrícolas, máquinas e ferramentas por valores muito abaixo dos praticados no mercado. Segundo o delegado Charles Pessoa, coordenador da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), os criminosos chegaram até a tentar vender os produtos para um delegado.

"Dentre as vítimas, teve um colega que eles ofereceram esses equipamentos, mas ele identificou que se tratava de um material falsificado, o que contribuiu com o nosso processo de investigação. O delegado não chegou a adquirir, mas obteve informações relacionadas a esse grupo", disse o delegado.

Esquema de fraude e falsificação

As investigações apontam que os criminosos utilizavam um esquema sofisticado de fraude. Eles compravam ferramentas genéricas, reetiquetavam os produtos com marcas renomadas e emitiam notas fiscais falsas, enganando compradores e gerando prejuízos financeiros significativos.

"Eles compram motosserras, roçadeiras, mudam os adesivos e vendem como se fossem de outra marca, renomada no Brasil. Compram os equipamentos por cerca de R$ 400 e revendem por R$ 1.000 ou R$ 1.500. Aplicam esse crime de estelionato oferecendo para comerciantes e também para pessoas físicas, que compram acreditando que se trata de uma marca conceituada", explicou Charles Pessoa.

Durante a operação, a polícia descobriu que os integrantes da quadrilha estavam hospedados em hotéis próximos à rodoviária de Teresina e utilizavam picapes para a distribuição dos produtos falsificados. Os detidos confessaram participação nos crimes e informaram que mais de 15 pessoas estão envolvidas no esquema.

"Eles mesmos confessaram que são mais de 15. Ainda não conseguimos localizar os demais, mas apreendemos seis veículos. Foi uma associação criminosa desestruturada. Eles foram autuados em flagrante por estelionato, associação criminosa e falsificação de documentos, já que também falsificavam notas fiscais", destacou o delegado.

Grupo atuava em outros estados

A quadrilha já vinha aplicando golpes em diversos estados brasileiros e, segundo as investigações, o principal líder do esquema ainda não foi preso.

"O grupo tinha funções específicas. Eles são extremamente frios e afirmam que essa era sua forma de vida. Percorrem o Brasil inteiro 'trabalhando', segundo eles, mas na verdade cometendo crimes. Cerca de 90% dos presos confessaram as atividades criminosas e explicaram como adquiriam as mercadorias", disse Charles Pessoa.

O delegado Charles Pessoa detalhou ainda a logística do crime.

"Eles recebem a mercadoria, dividem entre duplas e saem em veículos com uma meta de vendas estabelecida pela própria organização criminosa. Abordam comerciantes, donos de lojas e até pessoas nas ruas. Quando vendem toda a mercadoria, voltam para pegar um novo lote e recomeçam a operação. Ficam cerca de uma semana ou dez dias em cada local e, sabendo que estão cometendo crimes, migram constantemente para outras cidades. A maior parte do dinheiro obtido era recebida em espécie".

A Polícia Civil orienta que possíveis vítimas desse golpe procurem a delegacia mais próxima para formalizar denúncias e auxiliar nas investigações. As prisões foram realizadas pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), Força Estadual de Segurança Pública (FEISP) e por uma equipe coordenada pelo delegado Daniel Pires.

 

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