No dia 22 deste mês, o colapso da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que ligava Estreito (MA) a Aguiarnópolis (TO), resultou na morte de 17 pessoas e escancarou a realidade preocupante sobre a gestão de recursos públicos na região. Apesar de ambos os municípios terem recebido um total de R$ 35,6 milhões em emendas parlamentares desde 2022, nenhum centavo foi destinado à manutenção da ponte, cujos danos severos já haviam sido apontados em um relatório do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em 2020. A informação foi revelada pelo jornal Estadão.
Enquanto a estrutura permanecia negligenciada, grande parte dos recursos foi direcionada para eventos festivos e outros projetos que pouco atendem às necessidades urgentes da população. Em Aguiarnópolis, que conta com apenas 4,5 mil habitantes, R$ 1,2 milhão das chamadas “emendas Pix” financiou pelo menos 11 shows de artistas sertanejos e evangélicos. Entre os destaques estão o evento comemorativo de R$ 753 mil para celebrar os 30 anos da cidade e apresentações de cantores como Manu Batidão, Igor Cunha, Kevin Baetz, Nadson O Ferinha, Davi Sacer, Valesca Mayssa e Marquinhos Gomes.


Em Estreito, os recursos foram prioritariamente investidos em obras de pavimentação, construção de um abatedouro e projetos de iluminação em LED, deixando a ponte fora do escopo de ações prioritárias. O desabamento não apenas ceifou vidas, mas também expõe o descaso com a infraestrutura essencial para a segurança e o desenvolvimento da região.
A tragédia levanta questões sobre a transparência e a responsabilidade na aplicação de recursos públicos. Especialistas e moradores cobram investigações rápidas e providências que garantam que situações como essa não se repitam. A história da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, agora marcada por perdas irreparáveis, deve servir como alerta para um planejamento mais responsável e eficiente na gestão pública.